A questão é que existe um momento certo pra confessar.
Tenho me acostumado a jogar um colchão no chão, deitar sobre ele e esperar. Às vezes espero com as pernas cruzadas formando um 4, balançando um dos pés sem nenhuma ansiedade, mas curiosamente apressados. Outras vezes eu espero dormindo. Quando durmo fico em dúvida se faço a coisa certa ou não, porque dormir é praticamente uma confissão exata do mesmo medo toda noite. Ou você confessa sobre si, ou você confessa sobre o outro (são os sonhos). Me cansa porque eu já planejei deitar e dormir imediatamente, mas nunca mais fui dona desse momento. Já fui antes. Eu gostava de conversar comigo, me contar o dia e todas essas esquisitices que a gente revive antes de dormir. Queria ser assim mais algumas vezes, talvez duas ou três; só o suficiente pra escolher com o que sonhar. Quando a gente escolhe o que sonha é porque não tem o que confessar. Quando confessa todos os dias é porque não sabe entender o que existe e o que não existe - o sonho e a confissão.