sobre muita coisa

daqui muito, muito tempo, quando eu já estiver cansada, vou me apaixonar pelo meu futuro melhor amigo, que vai se chamar Marcelo ou Inácio. amigo daqueles antigos que eu nunca percebi, mas que vou reconhecer, de repente, no instante em que ele costumeiramente discordar da minha primeira frase, no meio de uma festa repetida de aniversário do amigo de um amigo em comum.

desse momento em diante, nunca mais vamos parar de pensar um no outro. de alguma forma espontânea, ele vai pegar no meu braço e me pedir em casamento, bem antes de perceber que já me conhecia. eu não vou aceitar. Depois, vou dizer que sim quando a gente estiver rindo escondido daquela pessoa esquisita do outro lado da rua. de repente “sim” e, por isso, a gente vai viver feliz. ele será meio rude, meio neurótico e totalmente imperfeito. o rosto cheio de ângulos e uma barba mal feita, que ele tirará semana sim, semana não, indiferente às minhas preferências. será mau comigo quando eu o testar ou decidir as coisas que são, por propriedade, dele. transfusão de amor pelo olho cada vez que pegar na minha mão.

nem o Marcelo nem o Inácio saberão cozinhar. não tocarão instrumento algum virtuosamente e não cantarão melhor do que no chuveiro. e também não vão gostar de assistir making offs de DVDs musicais, musicais ou óperas, tampouco prestarão atenção nos meus comentários sobre a desafinada ligeira da cantora experiente. não gostarão nem de domingos, nem de gramática, nem de ouvir minhas histórias, nem de manjericão e alcaparras.

mas de mim.

e também das coisas que realmente têm valor.

como estrelas, enlatados, etceteras e enarmonias...
enfim... essas coisas incríveis que só começam com a letra e.
[adaptado]


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 It  seems to me that MAYBE it pretty much always means NO. (Flake, Jack Johnson)