Quando viver falha, eu apelo pra indiferença. Visceral e aristocrática indiferença. Não gosto muito dos meus fingimentos e mentiras, nem de fazer de conta que é empolgante ouvir as histórias dos outros sobre seus triunfos enquanto eu decido que não quero um. Nunca penso na humilhação. Eu tenho meus critérios. Desvio o olhar como um corrompimento de nãos. É como tingir flores: se a verdade da cor for vista mais uma vez, será quando a planta já estiver morta.
Aqui, do meu lado, eu fico me dizendo verdades, ou, pelo menos, o que eu queria que fosse verdade. Eu conto umas histórias absurdas sobre como tudo isso faz sentido e sobre como você tornou a minha vida um domínio público. Geralmente funciona. Com você também funcionou, porque não se comove. Não se emociona. Apesar de ser a mais banana das criaturas e chorar no colo da mamãe. Está completamente invadido por minhas ofensas e, é natural, não as entende. Por isso diz aos outros quem eu sou. Aliás, foi particularmente ridículo pensar que qualquer algo tenha mudado. Se me fez? Que nada. Continuo como desde hoje. Prefiro assim. Andar fora do chão não faz o meu tipo e elogio é a pior maneira de me mostrar que você é um qualquer. Prefiro ofender, criticar e sumir, sem perder a chance do brigadeiro sem palavras com o filme que mais ninguém gosta. Minhas declarações de amor estão tomadas por tensões, falta de fotos, impiedade, recuo e liberdade. Se alguém as entender, ganhou brigadeiro. Nada de banho de chuva.
Se sou indiferente é porque ainda insisto.
Faz bem fingir a ausência. Finge a fuga.
O problema é que seu nome está errado.