As coisas que não cabem na gente podem ser bem mais divertidas. A calça que ficou apertada é bem mais style com o botão aberto, mas do tipo estourando mesmo. Da mesma forma, o tênis que não cabe no seu pé serve de chinelo. Convenhamos, é bem mais legal andar com o calcanhar fora do tênis do que dentro dele.
Tanta coisa deixa de caber na gente.
O doce de batata deixa de caber quando a ideia inventa a estúpida dieta. A blusa bonita se perdeu justamente porque você, agora, tem de fazer dieta. Mas a azeitona da geladeira não cabe mais porque venceu.
As azeitonas ficaram lá vencidas para que você, se é maníaco por azeitonas. palmitos e alcaparras como eu, as encontrasse de maneira degradante. Frustração bem maior do que encontrar um recado sem assinatura.
Se quiser que azeitonas caibam em você, terá de ir ao supermercado. E está aí outra incrível descrição compacta do caber e do não caber: o supermercado. Nele, há pessoas que não cabem na sua paciência. Atendentes que não cabem no seu padrão de atendimento. Produtos que não cabem no seu bolso (seja para roubar, seja para pagar mesmo). Há crianças que não cabem nos seus olhos porque lembram à infância enterrada o sonho de, cedo ou tarde, ser família.
O pote de azeitonas deixa de caber na gente quando a gente se esquece dele até que as azeitonas não sejam mais azeitonas.
Tanta coisa deixa de caber na gente.
O doce de batata deixa de caber quando a ideia inventa a estúpida dieta. A blusa bonita se perdeu justamente porque você, agora, tem de fazer dieta. Mas a azeitona da geladeira não cabe mais porque venceu.
As azeitonas ficaram lá vencidas para que você, se é maníaco por azeitonas. palmitos e alcaparras como eu, as encontrasse de maneira degradante. Frustração bem maior do que encontrar um recado sem assinatura.
Se quiser que azeitonas caibam em você, terá de ir ao supermercado. E está aí outra incrível descrição compacta do caber e do não caber: o supermercado. Nele, há pessoas que não cabem na sua paciência. Atendentes que não cabem no seu padrão de atendimento. Produtos que não cabem no seu bolso (seja para roubar, seja para pagar mesmo). Há crianças que não cabem nos seus olhos porque lembram à infância enterrada o sonho de, cedo ou tarde, ser família.
Deixar de caber é tão fascinante quanto ser exato para todos os tamanhos.
Eu nunca quis caber num abraço, ou num riso, ou na resposta a um pedido formal. Pedidos formais são como queijos com fungos: você tem de comer fazendo pose. Gosto das azeitonas porque elas são informais. São aperitivos pra conversas que não terminam, pra um conhecer-se que não se cansa. A gente come, come, come azeitona e conversa sobre como é irritante comer salames se eles não estão bem fatiados.
Quis sempre ser como o pote de azeitonas um pouco antes da data de vencimento. Algo como estar entre a vida e a morte, e ser salva por encontrar o lugar onde o meu "caber" é maior, porque necessário.
Eu nunca quis caber num abraço, ou num riso, ou na resposta a um pedido formal. Pedidos formais são como queijos com fungos: você tem de comer fazendo pose. Gosto das azeitonas porque elas são informais. São aperitivos pra conversas que não terminam, pra um conhecer-se que não se cansa. A gente come, come, come azeitona e conversa sobre como é irritante comer salames se eles não estão bem fatiados.
Quis sempre ser como o pote de azeitonas um pouco antes da data de vencimento. Algo como estar entre a vida e a morte, e ser salva por encontrar o lugar onde o meu "caber" é maior, porque necessário.
O pote de azeitonas deixa de caber na gente quando a gente se esquece dele até que as azeitonas não sejam mais azeitonas.