Decidi me sentar e escrever sobre uma de mim.
Ajuda olhar pros cacarecos que tenho aqui por perto. Bom, na verdade não são cacarecos porque tenho um pouco de compulsão por jogar coisas velhas fora. (tudo bem, não só as velhas...qualquer coisa é jogada fora por aqui). Não tenho recordações de nada. Apenas de cidades: chaveiros.
Fora isso, recordações não são o meu forte. Não armazeno bilhetes, cartões de aniversário, de natal ou de prezada estima porque eles um dia deixarão de ter sentido, assim como quem os enviou. Não tenho o mínimo receio de ceder ao lixo presentes dos quais tenha ou não gostado, ou peças de decoração que marcaram uma ou outra época.
Desapego-me de quase todos, até porque minhas superficialidades são etéreas: histórias passageiras e sem fundamentos que podem ser ditas e re-ditas sem medo bobo de se tornarem fofoca. Qualquer um pode saber. O que é meu guardo comigo e ninguém que me considere estabanada, falante ou feliz demais conhece algo de mim além de banalidades. Na verdade, conhecer-me é pra quem o sabe.
Permito que as pessoas percam de mim o que nunca terão. Não sou uma ou duas, sou sempre mais e, por isso, não sou ninguém.
Sonho sim.
Sonho com virar a esquina e dar de cara com alguém que não me deixe ser assim pra sempre. Sonho em ter álbuns de fotografias, guardanapos rabiscados e músicas preferidas.
Ser como eu dói. Ser como eu faz doer. Não pense que mais alguém sabe quem sou. Somos 4 e assim permaneceremos. Né, Rafa? Amamos ser 4.