23 novembro, 2010

quitação

e aí a rafa fez as contas do quanto gostaria de que tudo fosse como o planejado. em tese, rafaela é desorganizada. métodos desorganizados, ansiosos, comportamentos desautorizados; bom, ela é ela mesma: tem preguiça dos jogos que os seres humanos inventam para subjetivar. rafaela imagina com realidade.

sinceramente, rafaela tem estado invadida, como seu cachorro diria. ontem conversaram e tobi andou dizendo coisas fortes que a deixaram desestimulada. tobi sempre aconselha rafa a não assumir problemas que não existem, porque os problemas que não existem levam-na a lugares comuns, apreciados por comuns, mas que ela, a rafaela, mede com pavor.

tobi percebe esse desajustamento quando a menina chega em casa sem ouvidos.

ela até finge não entender olhares e movimentos, mas, se não os entender, como poderá preparar-se para um prolixo posicionamento a respeito dos problemas inexistentes? - quem não lê qualquer um dos cinco sentidos é indigno de paciência, tobi asseverou. ela contra-argumenta essas ideias como quem defende o último pão de queijo da cestinha. tobi insiste em olhar piadisticamente, avisando que rafaela continua falhando em cada frase solta. claro, tobi entendeu que rafaela dissimulou não saber.

com certeza, tobi também gosta de jogar com rafaela. e ele anda devendo muito tudo sobre como deixou acontecer com a supracitada (rafaela usa sempre essa palavra quando se perde no argumento) qualquer coisa assim, inexistente. não a defendeu. não percebeu seu estado limítrofe e, hoje, assaltada, rafaela voltou a guardar tudo que tem. ninguém tem acesso, ninguém mexe. ora, vejam só se rafaela daria de si a quem não lhe sabe.

seu mundo será de quem não tiver explicações. sem jogos ou problemas criados à toa. rafaela. menina complicada, mas que sabe ser de alguém.

tenho inveja; eu não sei. assim não.