16 março, 2011

No verso do papel

No verso de um papel não usado a Rafa promoveu mistérios.
Todos eles continuarão insolúveis se Rafaela não se pronunciar dona de uma ideia.
A menina diz palavras quando quer. Mas, só desta vez, emudeceu involuntariamente.Por dias.
Ela quer uma fixação, uma coleção, um dom pra desenhar ou tocar piano...
Ela quer conversar com qualquer um que precise mais dela do que de sua perplexidade.
Ela quer ter sono só mais uma vez, só pra não mais acordar.
Quer um bebê no seu lugar, notas leves e controversas.... quer recriar uma tristeza só pra que a mesma música traga a ela o alívio necessário. Só o fundamental, alívio sem sobras ou desperdícios.
Quer parar de nascer e deixar viver em qualquer lugar quem ela mais entende ser.
Rafaela quer uma história que ela não escreva, mas que sua música toque.
Quer continuar a não entender nada, mas a esperar por tudo.
Esperar é a mais cruel das virtudes e ela, justo a Rafaela, a possui.
Só por isso os mistérios continuarão sendo mistérios e Rafa não deixará de nascer.
Ela espera, e virtudes como essa não são dispensáveis.
É o mundo medieval de Rafaela, que só poderia ser escrito no verso de um papel em branco.