29 julho, 2012

Comparações

Tudo tem comparação. 

A gente compara presente e passado, uva-passa e chocolate branco, som e silêncio, piano e viola. Tudo tem comparação. Chato – isso – às vezes.

Comparar não é só um exercício de dialética, mas um jeito fácil de descobrir o que realmente é e o que dependerá de você para ser: é o que faz com que você desaprenda o valor, o tamanho, a medida, a intenção, a dor, a intensidade. De você mesmo e do outro.
Tudo pode ser comparado, mas só alguns pares de rabiscos da vida podem enfrentar a comparação consigo mesmos.

Há pessoas comparáveis a cheiro de café, a sabor de sorvete ou ao ré com sétima maior. Mas tem gente que intriga. Eu não gosto de gente com cheiro de café. Gosto de gente que tem cheiro próprio e carrega um mundo de coisas divertidas nos olhos. É bonito. Gente que - quase - não existe.
Dessa gente sente-se falta. Sentir falta de alguém é coisa rara. Uma vez eu senti falta.
Não é algo à toa, nem tão grande coisa. Esquecer a ausência ou compará-la a indefinidos já vividos é negligência, pura negligência. Os tolos negam. Os mais tolos se entregam (os mais tolos são inteligentes. Muito inteligentes).

Sinta a falta. Compare-a a ela mesma. Viva em uma chance eterna o que lhe será continuamente motivo de apego, de cumplicidade. Sentir falta de alguém em vida será comparado apenas à morte dessa ausência. A morte de um amor, talvez. Esteja ele vivo ou morto.