08 agosto, 2011

O amor e a Rafa

Rafaela não tem meio de saber como viver. Aconteceram algumas coisas estranhas em um número restrito de dias que a fizeram duvidar do sol, do mar ou da lua. Eu explico.
Cabe às pessoas movidas por sentimentos altruístas pensar nos elementos do universo como embriagados de beleza, interjeições e suspiros, que revelam poesias narrativas de transfigurações mórficas, existenciais, dualistas, pseudônimas (ou não), alem de afetuosidades excessivamente constantes. Eu também não entendi o que escrevi. Bem complicado. Mas é isso tudo aí que chamam "amor".
Rafaela desconfia de que vive uma transfiguração emocional e, felizmente, não sabe viver: nem ela mesma, tampouco as transfigurações. Rafaela está longe de suas interjeições por apenas um passo de fé. Ela precisa crer no amor. Precisa ver nele a sua perda de autonomia e a sua vitória como mulher. Ela precisa vencer, mesmo que signifique perder.
Rafaela espera algumas respostas do sol, da lua e dos elementos bêbados de apaixonismos, mas eles, todavia, esperam que, antes do primeiro gole de sua embriaguez, Rafaela tome-se de si e admita que é capaz de dizer a verdade. Admita que a menina possa até não querer, não conseguir por sua suficiência, não honrar a confissão, não desejar que assim seja, não vislumbrar futuros e previsões, mas que admita, menina. Admita que pensar sobre diversas coisas abre-lhe os olhos como rotina, mas que apenas o pensamento sobre ele lhe abriu o coração.
Admita, Rafaela, que ele lhe vê e que você o tem.
Admita que pode ser amor e que as interjeições e suspiros inexistentes diante da beleza da vida passaram a ser reais na presença da felicidade. Você não quer viver pra si. Existe um suspiro que liga você a outro, Rafaela. Admita que quer viver o amor, mesmo que ele seja válido como férias de si mesma, mesmo que ele seja válido como .... nada.
Ele só quer sua confissão.
Junte suas pernas ao seu corpo, Rafa, e segure seus pés com suas mãos. Dobre sua cabeça em respeito a si mesma, encolha-se consigo e veja que dentro dele, o outro, já vive o amor que é seu.
Você se deu, pequena Rafa. Você se deu. Você perdeu a firmeza do juízo sobre o amor e não sabe viver o que sente. Você soube discursar a lua, mas não soube vivê-la até então. Viva a lua! E permita que ele creia também, Rafa. Deixe que ele veja. Deixe que ele seja seu silêncio e seu ruído, seu rumo talvez perdido, seu sorriso bêbado de sol ou de lua.
Rafa, diz pra ele voltar. Volta, amor, volta. Vem pra perto e fique junto do que eu sei. Volta logo e me diz que de mim sentiu falta e que essa vida sentido nenhum tem quando a minha letra você não lê. Volta, amor, e termine o que começou.. termine de me amar e ame outra, me faz livre de novo. Ama-me e faz-me livre de novo. Ama-me e deixa-me. Eu preciso de mim mais uma vez.