04 outubro, 2010

discursando ao espelho

tô pensando que sei as respostas pras perguntas que você não tem.

sei responder se naquele dia eu me sentia ou não isoladamente bizarra, em perspectiva de guerra, quem sabe carente. esse gesto que você faz, esse... de curvar as sobrancelhas até se esconderem nos óculos... rindo de modo tonal, em fá, quase contratenor, do óbvio ignorado; esse tipo de quem sabe da minha alma os movimentos todos; é esse tipo que eu nunca vi sair de você. nunca tinha visto. Quase dá pra sentir o meu espanto ao viajar nesses nossos séculos, procurando assim, avidamente, uma explicação pra esse status quo que existe entre o meu existir e o seu. Eu fiz festa com esse apelo constante de cumplicidade, vigiando cada modelo de você que eu tinha no catálogo. A gente precisa se sentir limitado, se sentir dois na solidão de um segredo, se sentir mais do que se viver...

eu não quero que seja de mais ninguém o mundo seu que está comigo. e a ousadia de ler você só pode ser a resposta de uma dessas perguntas que você não tem.